sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A Linda Música Interior





Tudo o que você conhece no mundo exterior é apenas um reflexo ou uma projeção. Se você está repleto de amor, a vida toda parece estar repleta de amor. Nada está errado, não há aflição alguma. Toda a existência é preenchida por uma profunda música porque você está preenchido por ela. Não há em você nenhuma desarmonia; seu coração sente uma profunda harmonia. Você está de tal modo unido á coisas boas, que essa unicidade se espalha por tudo.

Se você está em profunda agonia - sofrendo, triste, deprimido - a existência inteira parece estar deprimida. É você, não a existência, ela permanece a mesma, mas os estados de sua mente mudam. Num determinado estado, a existência parece estar em festa; em outro, ela parece estar triste. Ela não está; Mas você está sempre mudando e sua mente sempre sendo projetada. A existência atua como um espelho. Você se reflete nele.


O mundo pode ser um caos se você for um caos. O mundo pode estar morto se você estiver morto interiormente; o mundo pode estar vivo, abundantemente vivo, se você estiver vivo interiormente. Depende de você. Você é o mundo.

Na base de sua natureza você encontrará fé, esperança e amor. Aquele que escolhe o mal recusa-se a olhar para dentro de si próprio, tapa seus ouvidos à melodia do coração, como se vendasse os olhos à luz de sua alma. Assim age, porque acha mais fácil viver nos desejos. Mas, debaixo de toda a vida, está a fonte corrente que não pode ser detida; as poderosas águas, na realidade, estão ali. Encontre-as...”


“Fé, esperança e amor” - essas três coisas... Se você conseguir entrar em contato com sua música interior, essas três coisas florescerão espontaneamente dentro de você. Mas essas palavras possuem significados bastante diferentes. Não têm o significado que comumente damos a elas.


Quando dizemos fé, queremos dizer crença. Crença não é fé. Crença significa algo imposto. A dúvida encontra-se aí, oculta, mas você se envolve numa crença e empurra a dúvida para dentro.

Por exemplo, você diz: “Creio em Deus.” O que você quer dizer? Não há realmente nenhuma dúvida? Sim há!! A crença não pode destruir a dúvida; pode apenas ocultá-la. Na verdade, você acredita por causa da dúvida. Se não acredita, se fica em dúvida, sente-se incomodado. A crença lhe proporciona comodidade, consolo, alívio, conforto. Você se sente à vontade. Mas a crença é apenas uma fachada mental, intelectual. Por trás dela, a dúvida está sempre à espreita.

Não que as pessoas acreditem. Elas duvidam, mas enganam a si mesmas. Suas vidas permanecem incólumes às suas crenças; suas religiões são religiões domingueiras. Suas vidas não são afetadas de modo algum. Aos domingos elas vão à igreja e oram, como uma formalidade social, como parte das boas maneiras. Depois, fora da igreja, continuam as mesmas. Durante seis dias permanecem irreligiosas; por um dia tornam-se religiosas. Isso é possível? Durante seis dias você permanece feio e em um dia se torna bonito? Durante seis dias você permanece ruim e em um dia se torna bom? Durante seis dias você permanece diabólico e em um dia, de repente, você se torna santo? Isso é possível?


A crença é falsa. Ela é útil, utilitária, mas falsa. A fé é totalmente diferente. Crença significa que a dúvida está oculta; fé significa que a dúvida desapareceu. Essa é a diferença.
Você duvida se Deus existe mas diz: “Eu acredito” - porque sua esposa está doente, e se você não acreditar, quem sabe? Deus pode existir. Ou você corre o risco de perder o emprego. Quem sabe? - Deus pode ajudar. E se você não acreditar, então ele não o ajudará. Utilitária; ela lhe é de alguma utilidade. Mas a dúvida está presente.


Fé significa que a dúvida desapareceu. Ela é a ausência de dúvida. Mas esta só pode desaparecer quando você conhecer alguma coisa em seu interior; quando a crença não lhe foi dada, o conhecimento nasce em você. Quando você conseguiu conhecer, compreender, então a fé nasce. Que os problemas, as doenças, a morte faz parte da vida, mas que Deus tem o controle sobre tudo isto.


E a esperança. Esta não é aquela do desejo, não significa esperança por um futuro, não está de modo algum relacionada com o futuro. Significa simplesmente uma atitude esperançosa acerca de todas as coisas. Digo todas as coisas. Uma visão otimista. Um olhar para o lado bom das coisas. Aconteça o que acontecer, você permanece firme. Havendo a fé.


A depressão se manifesta apenas se você olhar para o lado ruim das coisas. Todas as coisas têm dois lados: o lado ruim e o lado bom. Você pode olhar para o lado ruim e então ficará deprimido, ou pode olhar para o lado bom, o lado benigno, e ficará feliz. Portanto, depende.


A pessoa que é desesperançada olha sempre para o que é ruim. A primeira coisa que ela procura é o que está ruim. Se digo a ela: “Este homem é um ótimo flautista” - imediatamente ela olhará para ele e dirá: “Não, não posso acreditar que ele possa tocar flauta, pois ele é um ladrão.” - Qual é a relação? Um homem pode ser um ladrão e um ótimo flautista. Mas a pessoa negará essa possibilidade. Dirá: “Não, não pode ser. Ele é um ladrão, um notório ladrão. Como pode ser um ótimo flautista?”
Essa é a mente desesperançada. A uma mente cheia de esperança, se eu disse: “Este homem é um ladrão” - responderá: “Mas como pode ser um ladrão? Ele é um ótimo flautista.”


Como você olha para as coisas? Com esperança ou sem esperança? Comumente, a não ser que tenha entrado em contato com a música interior, sua fé, você olhará para o mundo com uma atitude desesperançada. Então tudo estará ruim, e qualquer coisa que se faça será ruim, errada. E de toda parte você extrairá miséria. Tornar-se-á um perito em ser miserável. Qualquer coisa ajudará você a ser miserável, qualquer coisa.
Quando você entra em contato com esse silêncio interior, com essa música interior, torna-se esperançoso; torna-se a esperança. Seja o que for você vê. Você sempre toca o íntimo, o coração das pessoas. E então, não há depressão.


E o amor. Comumente, o amor é um relacionamento. Mas quando você entra em contato com o ser mais íntimo, o amor torna-se o seu estado, não um relacionamento. Ele não ocorre entre você e alguém mais. A partir de agora você tornou-se amor, tornou-se amoroso. Não se trata de um relacionamento, uma troca. Mesmo se você estiver sozinho, sentado embaixo de uma árvore, será amoroso. Sozinho, solitário, com mais ninguém ali, você será amoroso.
É como uma flor solitária que cresce num caminho desconhecido. Ninguém passa por ali, mas a flor continua a espalhar seu perfume. É o seu estado. Não é verdadeiro que ela dará seu perfume somente se um rei passar por ali, e o negará se, por ali, passar um mendigo. Se passar um mendigo, a flor dará o seu perfume. Se passar um rei, a flor dará o seu perfume. Se ninguém passar, mesmo assim a flor continuará a espalhar o seu perfume. O perfume é o modo de ser da flor. Não é um relacionamento.


Nosso amor é um relacionamento. E quando o amor é um relacionamento, ele cria a miséria, á espera de algo em troca, egoísmo. Ele busca um retorno. Quando o amor é um modo de ser, cria a bem-aventurança. Estas três qualidades se desenvolverão: fé, esperança e amor. E se as três estão presentes, você não precisa de mais nada. Elas o conduzirão ao cume supremo da vida e da existência e Deus estará naturalmente dentro de você. Saiba que, seguramente, os três elementos se encontram dentro de você. Procure-os aí, e, uma vez tendo-os ouvido, você os reconhecerá imediatamente ao seu redor.


Se você puder sentir sua música interior; sua verdade interior, sua fé interior, seu amor inteiro, sua esperança interior, começará a reconhecê-los ao seu redor. Todo o universo mudará a seus olhos porque você mudou. E tudo o que sentir dentro de você, será agora sentido ao seu redor.


O mundo permanece o mesmo; mas quando você muda, tudo muda. De acordo com você, seu universo torna-se diferente. Se você está enraizado na verdadeira fé em Deus, toda a existência está enraizada Nele. 


Se você está enraizado na maldade, toda a existência é um inferno e vazia, você estará somente vivendo de forma miserável. Depende de você... De nós todos!